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1 de maio de 2011

Mensagem de Dom Filippo Santoro para a Páscoa



No drama do mundo, um amor total...


As chuvas caídas na Região Serrana do Rio de Janeiro, com 900 vitimas; o terremoto do Japão e a tsunami com mais de 12 mil mortos; as doze crianças inocentes assassinadas em Realengo por um desequilibrado de vinte três anos que depois se matou; nos deixam tristes e aflitos. Um mistura de impotência e revolta diante da força da natureza e da loucura do homem. Tanto basta para experimentar como é frágil e precária a nossa vida. Que sentido tem celebrar nestas condições a Páscoa? Sendo tão perdidos e desamparados o que sustenta nossa esperança? O que pode nos confortar para não ser engolidos na distração, no consumo, no vazio? A grande pergunta, que tampouco a cultura contemporânea pode negar, é se existe algo que satisfaça plenamente as exigências do coração e que perdure no tempo, para sempre.

E aqui se manifesta o valor da Páscoa de Jesus que abraçou totalmente o sofrimento do mundo, o drama do pecado e a dor da natureza que geme conosco em dores de parto (Romanos 5, 22). No meio do drama do mundo estamos diante de um amor total que abraça e que perdoa. Cristo se dobra sobre o nosso sofrimento e o nosso pecado O abraço do seu amor continuo salva os mortos da chuva, salva estas 12 crianças inocentes e julga o agressor. Sem Cristo estas crianças onde estariam? Tudo terminaria com uma insensata violência e ninguém seria responsável de nada. E os mortos da chuva? E as vitimas da tsunami? Desaparecidas para sempre! A morte foi enfrentada e vencida por Cristo que nos revela um amor maior que corresponde ao nosso desejo mais profundo de vida plena.

Ora o amor do Senhor não é um sentimento, ou apenas um piedoso desejo da razão e do coração. “Eu sou a ressurreição e a vida” (João 11, 25). O seu amor é um fato. Na manhã de Páscoa Ele se mostra e se faz encontrar por pessoas concretas que o reconhecem e cheias de alegria anunciam a sua vitória. A vida humana começa a ser contagiada pela sua imortalidade e, seguindo esta presença, se vence o tempo, o espaço e a morte. Ele é nosso contemporâneo caminha conosco e nos comunica a sua própria vida. Assim nasce a Igreja que é o seu corpo hoje, feito por aqueles que o seguem.Frágeis como todos, mas portadores da vitória de Cristo. Se hoje, somos cristãos é porque, um dia da nossa vida, encontramos alguém que nos testemunhou de modo credível a conveniência humana da fé. Um amigo um rosto, uma comunidade que permitiu verificar que Cristo está presente e hoje ilumina a razão e esquenta o coração como aconteceu com os primeiros que o encontraram.

È necessária simplesmente a abertura de coração e o seguimento de sua presença como Maria Madalena, Pedro, João e uma fila ininterrupta de testemunhas até chegar a Padre Pio, Teresa de Calcutá e ao Papa João Paulo que no primeiro de maio será beatificado e que nos deixou encantados particularmente nas suas visitas ao Rio de Janeiro. Hoje também, no ministério de Bento XVI e na vitalidade da nossa Diocese, (pensemos no grande trabalho da emergência depois da calamidade das chuvas e no plano de reconstrução urbanística e humana das áreas de riscos), os nossos olhos vêem fatos e testemunhos que nos fazem perceber a beleza e a atração de Cristo. Trata-se de uma superabundância de humanidade que nos impressiona.

Esta Páscoa é a ocasião de renovar hoje o encontro com Ele e isso mantém viva a esperança diante do drama de Realengo, do Japão e das chuvas da Região Serrana. E nos permite manter viva a memória para uma vigorosa reconstrução das nossas cidades sem cair no esquecimento e na indiferença. A Páscoa de Jesus muda o rosto do mundo e traz uma verdadeira esperança para todos.

Dom Filippo Santoro
Bispo da Diocese de Petrópolis

Confira aqui a homilia de Dom Filippo na Missa da Páscoa do Senhor



Fonte: Diocese de Petrópolis

16 de janeiro de 2011

Tragédia na Região Serrana






Olá queridos!

O nosso programa está em total solidariedade com a povo da região serrana, em especial ao povo de Teresópolis, Friburgo, São José e Petrópolis.

Nós queremos aqui não dar uma explicação dos fatos, como agora é a tentação de muitos, mas dizer aqui pra vc que de alguma forma é vítima desta tragédia que nos acometeu na noite do dia 12 de janeiro. Não queremos nem mesmo dar razões teológicas ou espirituais como se isso fosse inteligível ou imaginável. Estamos diante de um fato que escapa a nossa capacidade de entender ou abarcar... isso será a sabedoria: calar diante de algo que não se entende, do mistério.

Talvez a pergunta que não cala mesmo que dentro do silêncio de nossa consciência:

“Por que Deus permitiu isso...por que não nos livrou??”

Penso que mais interessante do que buscar razões seja tentar encontrar direção diante do que estamos vivendo.

“Para aqueles que crêem em um Deus pessoal, não temos uma boa resposta para o fato de Deus consentir que o mal exista. Mas temos uma boa resposta ao que fazer quando o mal acontece”. (Mark W. Baker)

Isso mesmo, Santo Tomás de Aquino já havia afirmado: Deus permite o mal para dele tirar um bem maior. E é esse bem maior que deve nortear e direcionar nossa inteligência.

Nós não podemos evitar o sofrimento: ele é inevitável, mas podemos escolher em que direção ele nos levará. Em outras palavras, sofrer não é uma escolha nossa, mas a forma de sofrer é nossa opção.

“O essencial é invisível aos olhos” (Antoine de Saint-Exupéry)

Sim...agora, o nosso olhar deve se dirigir ao que é essencial em nossas vidas. Talvez essa seja a maior lição que tiraremos disso. No evangelho de Mateus 2 um anjo comunica a José a vontade divina: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito”. A Sagrada Família teve de aprender a sobreviver com muito pouco fora de sua terra; teve de aprender a viver somente com o que é essencial: a presença do Menino que é Deus. É verdade que os nossos olhos estão presos em coisas e muito pequenas, mas vale a pena lembrar que coisas e conquistamos com o tempo...a vida é o maior Dom e ela será sempre o maior patrimônio, o maior bem e a nossa prioridade SEMPRE!

"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente." (Soren Kierkegaard)

Buscar culpados não será a melhor solução agora. Mas é preciso permanecer atento aos sinais... Em Janeiro de 2010, um fato notório chama atenção do povo do Haiti e do mundo inteiro. Um crucifixo sobreviveu ao equivalente a 30 bombas nucleares e permaneceu ereto diante de toda aquela destruição como sinal de Deus. Nele, Cristo permanece de braços abertos à súplica do povo e deixa e certeza de estar também crucificado com eles. Na nossa paróquia, as capelas de São Sebastião (Posse), Nossa Senhora Aparecida (Campo Grande) e Nossa Senhora da Paz (Caleme) parecem saltar diante de uma imagem catastrófica e destruidora como sinais e epifania de Deus . A presença intacta da casa da Mãe e de seu Filho permanacem de pé diante de toda aquela destruição. Maria hoje nos indica o caminho: diante da Cruz, diante do inexplicável, diante da dor inconsolável Maria permanace de pé, como narra o Evangelho. A mãe nos indica como devem permanecer os cristãos diante do flagelo; de pé diante das contradições de Deus, diante da morte do Filho... do silêncio de Deus.

“Isto é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações. Deste modo, a vossa fé será provada como sendo verdadeira – mais preciosa que o ouro perecível, que é provado no fogo - e alcançará louvor, honra e glória no dia da manifestação de Jesus Cristo”(I Pd 1, 6-7)

Agora, amigos, diante da única certeza dentro de nós: Deus está conosco; Ele é o Emmanuel, resta-nos lutarmos com a maior das forças: o Amor. Ele nos fará superar todas as provações. Ele nos ensinará a tarefa tão difícil de recomeçar e de reconstruir nossa vida e nossa história. Quem tiver amor, terá todas as coisas nos dirá São Paulo. Deus seja nossa força neste momento tão doloroso da nossa história e que o Evangelho seja nossa bússola e direção.

A tristeza do Calvário dura só três dias, mas a alegria da Ressurreição permanece para sempre!

Deus abençoe a todos e que Nossa Senhora nos ajude a permanecermos de pé!

Pe. Alan!

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