A fé é o modo transcendente de ver as coisas. Não que fé mude as coisas, mas o meu modo de vê-las e de vivenciá-las.
As leituras de hoje nos convidam a um olhar superior, a um olhar de cima. Isso faz com que Cristo suba constantemente com os apóstolos para os montes, para tirá-los da mania de ver as coisas do ângulo mais baixo.
A transformação radical na vida de Abraão passa por meio do sacrifício, é o que diz a primeira leitura. Paulo, por sua vez, escreve aos filipenses que Cristo transformará o nosso corpo humilhado, e aos prantos constata que ainda há inimigos da Cruz de Cristo. Deixa bem claro que a Cruz é de CRISTO e são realidades que não se podem divorciar. Não há como falar de Cristo sem Cruz.
No Monte Tabor, Cristo mostra hoje aos discípulos o rosto transfigurado. Este gesto pedagógico é para que os discípulos contemplem por antegozo o rosto definitivo de Cristo; para que se lembrem daqui a alguns dias no Calvário que aquele rosto desfigurado (a ponto de Isaías dizer que "Ele não tinha aparência humana") é transitório; que a dor do Calvário dura três dias, mas a alegria da ressurreição dura pra sempre. Enfim, para que não se escandalizem, tenham força necessária e para que vejam a desproporção entre a os dias de Calvário e os dias da Ressurreição. Essa é a metamorfose (verbo utilizado pelo evangelista), é necessária para entender a ressurreição.
A lagarta, que é animal irracional, não tem medo de enfrentar o processo doloroso e constrangedor do casulo, aniquilando-se por um bom tempo para enfim poder sobrevoar a criação. Mas para adquirir a cor, a beleza, a capacidade de vôo e de olhar superior (coisas que antes não tinha) é preciso passar pelo indesejável invólucro do casulo. Se um animal irracional é capaz disso, por que nós ainda não?
Essa é umas das grandes lições do Evangelho do hoje: é preciso Metamorphosis!!!
28/02/2010
Padre Alan Rodrigues
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