4 de abril de 2011

Quarto Domingo da Quaresma - 02/04/11


“O homem vê as aparências, Deus vê o coração”( 1Sm 16, 7)

As leituras da liturgia de hoje nos apontam a cegueira da humanidade e o verdadeiro colírio para ela: as águas de Siloé.

Todas apontam para a impossibilidade humana de enxergar as coisas como de fato elas são. Ao homem é impossível ver se não está no Filho do Homem e só no encontro com o Enviado será possível ver a realidade.

1ª Leitura: Israel está vivendo um momento conturbado de sua história mais uma vez. Estamos aproximadamente 1000 anos antes de Cristo. A invasão dos filisteus faz pressão de todos os lados e Israel se vê comprimido e sem reação. Por outro lado, o incompetente governo de Saul deixa trágicas conseqüências. Qual será a saída? Deus tem a solução pra tudo: Convoca Samuel para ungir o novo rei que trará a unificação de Israel. Deus mostra sinais de que ele seria da terra de Belém e da descendência de Jessé. O profeta se levanta com prontidão e se dirige à pequena cidade que, por sinal, nunca foi querida pelos israelitas, e entra na casa de Jessé revelando-lhe os planos de Deus. Feliz pela eleição de sua casa, Jessé começa a mostrar os filhos, todos esbeltos e fortes, mas Eliab é o que mais chama a atenção. Exuberante se destaca diante dos demais, a ponto de deixar Samuel impressionado, mas Deus é claro em mostrar que não o elegeu!!

Após mostrar todos os que estavam em casa, Samuel pergunta se é tudo que Jessé tem pra mostrar... Jessé revela a ausência de um que estava lá fora: Davi...mas por certo não interessaria ao profeta. Quem o escolheria? É menor de idade, adolescente, franzino, sem estatura... a quem agradaria? A resposta: a Deus!! Deus escolhe exatamente a estes. Por que prefere agir assim e por meio destes? A resposta para isso se encontra no vers. 7, o qual é a palavra “carro-chefe”do texto: “o homem olha as aparências, o Senhor olha o coração”.

2ª Leitura: Paulo apresenta a luta acirrada entre o bem e o mal, entre luz e trevas, e convida os efésios a despertarem do sono da fé “desperta tu que dormes”, ide para as obras da luz: bondade, justiça, verdade. O convite de Paulo é de sair do mundo das ilusões e voltar ao mundo da realidade, uma vez que, durante o sono não estamos no mundo real, mas fantasioso.

Evangelho: Cristo cura antes de tudo não a cegueira de Deus, mas de um “achismo” de Deus. O falso conceito de Deus predominava entre os judeus de que tanto a cegueira como qualquer espécie de mal era uma forma de pagamento. Tal é a doutrina ainda reinante do espiritismo budismo, etc. Cristo cura o falso conceito de Deus: esta é uma forma pagã de enxergar o Pai de Jesus Cristo. Também Cristo não cura de imediato o cego de nascença. Poe lama no seu olho e o manda lavar-se na piscina de Siloé, que quer dizer Enviado. Assim, o Evangelho demonstra que só os que querem lavar-se no Enviado de Deus podem verdadeiramente enxergar. Só o que se encontra de fato com o Enviado do Pai pode ser, enfim, homem novo (notem o simbolismo do barro, remontando a antiga criação).

Enfim, verdadeiro não é o que os olhos podem ver, mas é o que se apresenta para nós, mas o que Deus vê e como Deus vê. Na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini , Bento XVI afirma:

“Num mundo de caráter efêmero, o ter, o prazer e o poder manifestam-se incapazes de realizar as aspirações mais profundas do coração do homem. Assim, a palavra de Deus nos impele a mudar o nosso conceito de realismo: realista é quem reconhece o fundamento de tudo no Verbo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário